Tratamento de doenças de alevinos e peixes
IMPORTÂNCIA
A fauna íctica constitui-se num recurso alimentar importante, sendo uma fonte protéica acessível através da exploração direta das populações naturais. Embora essas populações e peixes pareçam inesgotáveis, a ação antrópica muito tem contribuído para a sua redução, tornando-se inevitável que populações mundiais tornem-se cada vez mais dependentes de peixes cultivados artificialmente.
É necessário considerar que o ambiente aquático é um meio no qual o acesso e a penetração de agentes patogênicos tornam-se facilitados e o confinamento dos peixes favorece ainda mais o aparecimento de doenças.
Assim, o estudo de agentes causadores de patologias nos peixes é um campo de crescente importância em virtude da expansão mundial da piscicultura, pois sabe-se que estes agentes podem provocar elevadas taxas de mortalidade, redução das capturas ou diminuição dos valores comerciais dos exemplares atacados.
É necessário destacar que no Brasil existem raríssimos estudos com o objetivo de se testar a eficiência e os efeitos secundários de drogas utilizadas no combate aos parasitas de peixes, principalmente no que se refere aos peixes criados na pisciculturas intensivas.
Tratamentos
No caso da maioria das parasitores, a principal dificuldade encontrada no tratamento decorre da impossibilidade de diagnosticar a doença logo no início. Quando se nota que o peixe está atacado, ele já se apresenta debilitado, razão pela qual poderá não responder aos vários tipos de tratamentos preconizados. Pode-se afirmar que nas criações intensivas, feitas em tanques de médio e grande porte e quando as infestações /infecções são maciças, nenhum tratamento eficaz pode ser indicado. Deve se adotar como medida importante verificar se os medicamentos tem a propriedade de atuar sobre as formas infestantes/infectantes, sem o que fatalmente fracassará. Outra estratégia que pode ser adotada quando da utilização de qualquer droga, é tentar elevar a temperatura de água para entre 28 e 30oC. Com essa medida, reduzir-se-á a taxa de oxigênio dissolvido da água, dificultando a sobrevivência do parasita, que não vive sem a presença deste gás. Isso porém é inegável, se considerarmos grandes volumes de água.
Considerando as informações acima destacadas, pode-se chegar à conclusão que torna-se inviável o tratamento de peixes acometidos por parasitores nos seus respectivos tanques de criação (engorda). Se for tentado qualquer tipo de tratamento, parece ser indicado a utilização de tanques especiais para esta finalidade, com um volume de água menor e conhecido, o que facilitará, inclusive a diluição do medicamento e permite controlar a liberação das drogas utilizadas para o ambiente, pois, segundo a maioria dos autores, esses produtos são prejudiciais à flora e fauna em geral. Muitas vezes é mais conveniente, e freqüentemente menos caro, não efetuar nenhum tratamento, visto, na maioria das vezes, não haver comprovação científica de sua eficácia, além de não ser possível prever a extensão do prejuízo que estes produtos causam quando liberados no ambiente. Nesse caso é melhor sacrificar o plantel, drenar a desinfetar o tanque, e a seguir, recomeçar a criação.
Sugere-se ainda realizar profilaxia nos alevinos e adultos, adquiridos para criação, reprodução e ou venda destes indivíduos. Isso pode ser feito, utilizando-se a seguir, os peixes em tanques de quarentena pelo tempo necessário. Os banhos mais utilizados são os seguintes:
SAL COMUM- 10 g/l (alevinos) a 20 g/l (adultos) de água, por um período de 24 horas
PERMANGANATO DE POTÁSSIO- 1 g/50 litros por um período de 1 hora
VERDE MALAQUITA- 1 g/100 litros por um período de 1 hora
FORMALINA- 1ml de formol comercial para 5.000ml de água por um período de 10 minutos.
Produtos
A seguir, listamos algumas drogas que podem ser utilizadas no tratamento à determinadas parasitoses de peixe. A utilização dos produtos abaixo descriminado deve ter acompanhamento técnico de um especialista no assunto:
AZUL DE METILENO- diluição recomendada: 1 a 3ml de azul de metileno por 1.000 ml l de água, durante 48 horas. Segundo a maioria dos autores o produto é prejudicial à flora em geral.
CLORETO DE SÓDIO- diluição recomendada: soluções de 3 por 1.000, permanecendo os peixes por cerca de 24 horas
PERMANGANATO DE POTÁSSIO- diluição em solução 1g por 1 litro, 60 minutos
VERDE MALAQUITA- 1 grama para 10 metros quadrados de superfície duas vezes ao dia, em dias alternados, durante 10 dias; ou 15 mg por litro de água, dose única, durante 10 dias. Não deve ser aplicado em peixes que vão ser usados de imediato como alimento para seres humanos.
FORMALINA- diluição em solução com 1 parte de formalina par 4.000 partes de água. Deixar os peixes permanecerem na solução por cerca de 60 minutos. Aplicar em dias alternados até a cura completa. Utiliza-se esta solução no combate à ictiofitiríase e aos monogenéticos de brânquias e de pele.
DIPTEREX E OUTROS INSETICIDAS- estes produtos são utilizados no combate à lerniose, porém deve ser atendidas as seguintes recomendações:
· Os inseticidas não devem ser usado nos peixes que se destinam ao consumo humano (utilizar apenas nos reprodutores).
· O uso freqüente produz resistência dos parasitas aos produtos, diminuindo sua eficácia.
· trata-se de um produto caro e de difícil aplicação, principalmente em grandes tanques , além de ter efeito prejudicial ao ambiente.
Não se recomenda o uso de antibióticos para combater qualquer parasitose de peixes, pois esses produtos não são indicados para essas patologias, além do fato de serem caros e sua utilização de maneira indiscriminada pode trazer prejuízos imprevisíveis para o ambiente.